Alvo de investigação do Ministério Público de São Paulo por suposto enriquecimento ilícito e ato de improbidade, o secretário Edson Aparecido, da Casa Civil do governo Geraldo Alckmin (PSDB), pegou emprestados R$ 110 mil em 2006 de sua “assistente pessoal” e da sua então namorada, com quem hoje é casado, para completar o valor de compra do apartamento 181 do edifício Maison Charlotte, em Indianópolis, zona Sul da capital.

Os empréstimos não foram declarados ao Imposto de Renda, segundo declarou o homem de confiança de Alckmin em depoimento à Promotoria na terça-feira, 22.

Edson Aparecido deverá deixar a Casa Civil nesta sexta, 25, mas não pelo fato de estar sob investigação – ele perdeu espaço no Palácio dos Bandeirantes por não ter feito campanha para o empresário João Dória nas prévias do PSDB. Nas próximas eleições municipais, ele planeja ser candidato a vereador.

Na audiência, na qual Edson Aparecido compareceu sem advogado, dois promotores de Justiça fizeram 53 perguntas ao secretário. Ele respondeu todas, mas nem sempre suas respostas foram acompanhadas de documentos. O secretário comprometeu-se a apresentar os papeis em dez dias.

Edson Aparecido informou que um apartamento que possuía em Moema “entrou no negócio como parte do pagamento”.

O imóvel foi adquirido por R$ 620 mil. A suspeita dos investigadores é que esse valor representou apenas 30% do valor real do imóvel na ocasião, ou seja, há dez anos. Hoje, o apartamento está avaliado em R$ 2,5 milhões.

Em fevereiro, o portal UOL revelou que o apartamento foi vendido a Edson Aparecido pelo empreiteiro Luiz Alberto Kamilos, dono da Construtora Kamilos, contratada pelo Estado de São Paulo para execução de vultosas obras públicas.

O depoimento do secretário na Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público e Social foi gravado em áudio e vídeo.

O secretário da Casa Civil disse que entrou “como parte do pagamento” um outro apartamento que ele tinha, localizado em Moema. Dos R$ 620 mil, uma parte – R$ 310 mil – foi obtida com a negociação desse imóvel.

O restante foi completado assim, nas explicações de Aparecido. “No ato paguei R$ 200 mil por intermédio de um cheque do banco Bradesco cuja cópia também posso fornecer”, declarou o secretário. “Os R$ 110 mil restantes paguei em espécie, fruto de diversos empréstimos. Margarida Castilho, minha assistente pessoal e que comigo trabalha há vários anos me emprestou montante que agora não me recordo. Kátia Simone da Silveira, à época minha namorada e minha atual esposa, com ela casado há quatro anos, sob o regime de comunhão de bens, me emprestou o restante dos valores, na verdade, a maior parte, até completar os R$ 110 mil”, disse no depoimento.

“Esses empréstimos recebidos de Margarida e Kátia não foram declarados no imposto de renda. Quero esclarecer, no entanto, que os valores pagos pelo apartamento da Rua Afonso Braz foram declarados à Receita Federal e da forma como foram efetivamente realizados”, completou.

Nesse trecho de seu relato, Edson Aparecido provocou dúvidas entre os promotores Marcelo Milani e Otávio Ferreira Garcia, que conduzem a investigação. Eles questionaram o secretário. “Se a compra do apartamento (…) foi realizada em 2006 e a escritura pública foi lavrada em 16 de fevereiro de 2007 como é possível que o apartamento do edifício (…) vendido em data posterior, somente em 14 de dezembro de 2007, tenha sido utilizado como forma de pagamento do primeiro"M627.409,331.563L512.604,306.07c-44.69-9.925-79.6-46.024-89.196-92.239L398.754,95.11l-24.652,118.721 c-9.597,46.215-44.506,82.314-89.197,92.239l-114.805,25.493l114.805,25.494c44.691,9.924,79.601,46.024,89.197,92.238 l24.652,118.722l24.653-118.722c9.597-46.214,44.506-82.314,89.196-92.238L627.409,331.563z"/>