Eleição para presidente do Timor Leste será amanhã

A população do Timor Leste irá às urnas nesta quarta-feira (9) para escolher um novo presidente, com os eleitores do pequeno país divididos entre os candidatos José Ramos-Horta, ganhador do Prêmio Nobel da Paz, e o ex-guerrilheiro Francisco Guterres, que ou anos lutando na selva contra a ocupação da Indonésia.

Ramos-Horta e Guterres garantiram que aceitarão o resultado das urnas, que muitos esperam inaugure uma era de paz e estabilidade no mais novo país asiático, em seguida a um ano de violência e conflitos políticos.

"Eu aceitarei o resultado se Guterres vencer," disse Ramos-Horta de 75 anos, o atual primeiro-ministro. "Minha obrigação será apoiá-lo, da maneira que puder.

O segundo turno se segue à fase inicial do pleito, na qual não houve uma liderança clara na disputa. Muitos analistas enxergam Ramos-Horta – que fugiu do Timor Leste durante a ocupação indonésia, para se tornar a face conhecida no mundo do movimento de libertação do país – como favorito, principalmente porque cinco candidatos derrotados no primeiro turno lhe deram apoio no segundo.

Mas Guterres, de 52 anos, é apoiado pela Fretilin (Frente Revolucionária do Timor), o partido político da antiga resistência ao domínio de Jacarta. A Fretilin tem forte apoio em todo o país e uma máquina partidária poderosa. "Eu acredito que venceremos as eleições na quarta-feira," disse Guterres, acrescentando que trabalhará "com qualquer um que seja o presidente.

O Timor Leste libertou-se de 24 anos de ocupação militar brutal da Indonésia em 1999, em seguida a um violento referendo pela independência. A carnificina só acabou quando chegaram tropas internacionais de paz. O país foi istrado pela Organização das Nações Unidas (ONU) até 2002, e voltou ao caos no ano ado, depois que o então primeiro-ministro Mari Alkatiri demitiu um terço do exército, em seguida a um motim. A demissão provocou tiroteios e batalhas entre forças rivais de segurança, que degeneraram em pilhagens e guerras entre gangues.

Pelo menos 37 pessoas foram mortas e 155.000 fugiram das suas casas antes do colapso do governo. Uma força de paz australiana de 1.200 soldados restaurou a ordem e, junto a uma força policial da ONU do mesmo tamanho, garante a atual segurança no país. Antes do primeiro turno, ocorreram choques entre partidários, mas a campanha para o segundo turno tem sido pacífica. "Nós estamos satisfeitos que exista suficiente segurança para garantir ao Timor Leste uma eleição tranqüila," disse ontem Finn Reske Nielsen, chefe da missão das Nações Unidas no país.

Hoje, cerca de 100 integrantes das gangues lutaram com machetes e pedras em uma parte violenta da capital, Díli. Um homem ficou ferido na cabeça, disse Antonio da Silva, chefe da polícia da ONU na cidade. As gangues foram dispersas com gás lacrimogêneo e o incidente não parece estar relacionado às eleições, ele disse.

Ramos-Horta tem como plataforma tornar mais fácil para os estrangeiros investirem no Timor Leste, país muito pobre, e afirma que as tropas da ONU são bem-vindas para ficar no país por vários anos. Ele ganhou o Nobel da Paz em 1996, por sua luta pela independência do Timor. "Ramos-Horta é a melhor pessoa para o cargo," diz Joana Brandão Carmo, que vive em um campo de refugiados desde a violência do ano ado. "Ele pode ser os ouvidos, os olhos e a boca de pessoas pobres como eu," acredita.

Guterres ou vários anos na selva lutando contra o exército da indonésia, em uma guerra que matou mais de 100,000 pessoas desde 1975, quando o Timor declarou sua independência de Portugal e foi invadido pela Indonésia. Milhares de timorenses morreram de fome e de doenças provocadas pelo conflito. A Fretilin é um partido de esquerda, mas Guterres não deu nenhuma indicação de que mudará a direção do país a uma economia de mercado, tomada desde a independência em 1999.

"Mesmo que ele não seja uma pessoa muito instruída como Ramos-Horta, ele tem um claro programa de governo para pessoas como eu," diz Nélson de Sousa, de 24 anos. "Nos seus últimos dez meses como primeiro-ministro, Ramos-Horta foi incapaz de garantir o retorno dos refugiados às suas casas. Tudo o que ele nos deu foram promessas vazias," afirma.

O cargo de presidente é mais cerimonial, mas em junho o país de 900.000 habitantes votará para o cargo que detém o poder efetivo no Timor Leste, o de primeiro-ministro. Xanana Gusmão, aliado político de Ramos-Horta desde a época do período colonial português e presidente que está deixando o cargo, pretende disputar a eleição.

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