Os preços de referência de energia elétrica no mercado atacadista saltaram para R$ 212,20 por MWh para os negócios a serem concretizados na semana que vem, segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Esses preços são os mais elevados, para a região Sudeste/Centro-Oeste, desde o final do racionamento de 2001 e 2002, e representam aumento de 12,13% em relação ao patamar atual. Em relação ao mesmo período do ano ado, os novos preços significam aumento de 201,63% em três mercados (Sudeste/Centro-Oeste, Norte e Sul) e de 1.154,14% no Nordeste.
Em meados de dezembro do ano ado, os preços no mercado atacadista estavam em R$ 70,35 nos três mercados e em R$ 16,92 no Nordeste. Há dois anos, em dezembro de 2005, os preços de referência nesse mercado estavam em R$ 18,33 por MWh, o que ilustra as grandes diferenças entre as expectativas dos agentes do setor naquele período e as atuais. O aumento nos preços reflete a falta de chuvas este ano, especialmente na região Nordeste. Mantido o ritmo atual, o atual período está se configurando como o de maior seca na região, desde que o governo ou a acompanhar o volume de chuvas, em 1931.
Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o volume de chuvas no Nordeste está 70% abaixo da média histórica. Na região Sudeste/Centro-Oeste as chuvas nesta primeira semana de dezembro estão cerca de 50% abaixo da média histórica, após um mês de outubro fraco e um mês de novembro apenas regular. A energia natural afluente (volume de chuvas) no Sudeste está em torno de 18.935 MW médios, enquanto o consumo regional médio está em torno de 34.633 MW médios. Os reservatórios do Sudeste ainda estão em níveis confortáveis (46,4% da capacidade máxima), mas os técnicos estão apreensivos quanto ao volume de chuvas este ano.
No Nordeste os reservatórios caíram para 27,5% da capacidade instalada, o que representa folga de 17,5 pontos porcentuais em relação à curva de aversão ao risco, mecanismo criado pelo governo após o racionamento de 2001/2002 para dar mais segurança de oferta de energia elétrica. As chuvas no Norte também estão muito abaixo da média histórica, situando-se em apenas 44% do volume registrado nos últimos 75 anos. Para evitar esvaziamento mais acelerado dos reservatórios das duas regiões (Norte e Nordeste), o ONS está fazendo transferências maciças de energia para os dois mercados a partir do Sudeste. Ontem foram transferidos cerca de 2.125 MW médios, o que acaba acelerando o esvaziamento das hidrelétricas do Sudeste.
O ONS aumentou a geração de energia a partir de usinas térmicas. Ontem essas usinas responderam por 9% do consumo nacional de energia, sendo 3,37% garantidos pelas duas usinas nucleares (Angra 1 e Angra 2) e 5,65% das térmicas convencionais (carvão, gás natural e biomassa). Ao todo, a geração elétrica atingiu 55.310 MW médios ontem, segundo dados do ONS. Esse patamar está 3 pontos percentuais acima do Planejamento Mensal de Operação (PMO), o que indica uma aceleração do consumo, seja devido às condições meteorológicas (climas mais quente) ou ao maior consumo por parte da indústria.
