A Prefeitura reduziu quase pela metade o gasto com a manutenção e limpeza de cemitérios da capital. O valor previsto pela istração caiu de R$ 25,7 milhões, em 2015, para 14,8 milhões em 2016 – diferença de 42,4%. O corte acontece ao mesmo tempo em que contratos de limpeza do Serviço Funerário do Município de São Paulo (SFMSP) são questionados em auditoria do Tribunal de Contas do Município (TCM).
A gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) diz que a redução se deve a um novo formato de contrato, feito em 2014, mas que só ou a valer agora. Segundo o governo municipal, a redução afetou de forma “positiva” os serviços. Mas nos cemitérios – a reportagem visitou o da Consolação, o Araçá, o São Paulo e o da Vila Alpina – o cenário continua de abandono.
Com o pai, a mãe e um cunhado enterrados no Cemitério da Vila Alpina, na zona leste, a botânica Marucia Kuchar, de 69 anos, critica a limpeza e a segurança. “Só falta levarem os cadáveres”, diz. Segundo ela, o túmulo da família já foi alvo de furtos mais de uma vez. Recentemente, os criminosos levaram um armarinho de ferro. Do crucifixo de bronze, restou apenas uma marca onde a base havia sido fixada. “Aqui arrancam tudo. Essa placa do meu cunhado (morto em 1985) já é a quarta.”
Para manter a limpeza, Marucia diz que faz tudo por conta própria. “Se a gente deixar para a istração, eles cobram um nota.” Ela mesma irriga a grama que circunda o túmulo e também usa um espanador para afastar as folhas secas. “Quando o tempo melhora, eu ponho umas flores”, diz. “Este cemitério é o mais bonito, mas também o mais abandonado.”
No Vila Alpina, a maior parte do piso é composta de barro. “Para a gente, o único problema é que as pessoas limpam os pés aqui no túmulo”, diz Vera Lúcia Fernandes, de 60 anos, que foi visitar o corpo do pai no último dia 12. “Uma vez, um galho caiu da árvore e quebrou o túmulo e nós consertamos”, diz. “Mas, se quiser que fique limpo mesmo, tem de pagar.”
No Cemitério do Araçá, na zona oeste, a situação não é melhor. Uma escadaria lateral foi tomada por mato e lixo, incluindo latas de cerveja e maços de cigarros. Com dezenas de jazigos sem porta, esses locais terminaram se tornando depósito de entulho. É possível ver até caixa de pizza e uma cueca despejadas dentro deles. “Faz mais de 20 anos que isso aqui está abandonado”, diz um comerciante que trabalha na região há 30 anos. “A culpa é da população. Se a família não liga, quem vai cuidar? O vento"M627.409,331.563L512.604,306.07c-44.69-9.925-79.6-46.024-89.196-92.239L398.754,95.11l-24.652,118.721
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