A aparente placidez não denuncia, mas Mariana Ximenes garante que é movida a paixão. Com a voz pausada e a postura sempre ereta, a atriz demonstra até nos pequenos gestos porque tem arrebatado a atenção de tantos autores e diretores desde que estreou na tevê como a tímida Emília de Fascinação, no SBT, em 1998. No ano seguinte foi para a Globo viver a pacata Celi, em Andando Nas Nuvens, e não saiu mais do ar na emissora. Este ano, a atriz que vive a determinada Bel, em Cobras & Lagartos, finalmente reconhece que precisa descansar. Afinal, além de protagonizar a trama das sete da Globo, Mariana esteve há pouco em dose tripla na tela, com as reprises de A Casa das Sete Mulheres, como a sonhadora Rosário, e a decidida Ana Francisca, de Chocolate Com Pimenta, ainda no ar. ?Estou há três anos sem férias. Este ano estive com três personagens muito diferentes no ar. É bom mesmo dar um tempo da tevê?, avalia.
Mas por pouco a paulistana de 25 anos não adia por mais um ano suas férias. Afinal, estava ?reservada? para Paraíso Tropical, próxima novela das oito, de Gilberto Braga. ?Um dos meus sonhos é trabalhar com ele. Sou louca pelo Gilberto. Mas não é a primeira vez que digo não para cuidar da minha saúde física e mental?, exagera a atriz, que nem sabia que já estava escalada para viver sua terceira protagonista com a próxima novela das sete, prevista para estrear após Pé na Jaca. Walcyr Carrasco, autor de Os Sete Pecados Capitais, quer que a atriz protagonize sua primeira novela do horário das sete no final do próximo ano. ?Tomara que eu viva uma mulher bem diferente. Adoro mudanças drásticas?, diz a atriz, ainda com o romântico visual adotado pela violoncelista de Cobras & Lagartos.
Uma recente mudança na vida da atriz foi com a frágil Bel, que começou a trama de João Emanuel Carneiro quase como uma personagem de época numa trama contemporânea. Com o tempo, a ruivinha arregaçou as manguinhas bufantes de seu figurino romântico e não se deixou ?corromper? pelos personagens gananciosos da história. ?Tenho a sensação de ter vivido duas personagens numa mesma novela. Ela ficou corajosa, mas ainda é meio antiquada, tem ideais fora de moda para os personagens de valores deturpados da história?, analisa.
Apesar de imprimir intensidade em cada frase, a atriz chama a atenção por nunca elevar o tom de voz, jamais curvar as costas ou não aparecer sem estar impecavelmente arrumada e com a maquiagem em dia. ?Deve-se ser sempre elegante. Não dá para perder a ternura, como dizia Che Guevara?, brinca, antes de emendar: ?Corro atrás para fazer jus ao reconhecimento dos autores e do público. Sou apaixonada pelo meu trabalho e tenho a obrigação de estar sempre bem fisicamente?, valoriza.
Segundo a atriz, de irretocáveis 48 kg distribuídos em 1,64 m de altura, para exibir seu habitual semblante suave nas tramas, é necessário pausar. Sempre que pode, Mariana se refugia no meio do mato, sem telefones, televisão ou computador. a dias mergulhando em rios, cachoeiras ou deitada na grama. ?É disso que preciso neste momento, com o término da novela. Não sou nenhuma veterana. Preciso descansar para poder construir personagens diferentes?, assegura. Enquanto não retorna à tevê, a atriz se prepara para rodar seu nono filme no início de 2007. Mariana vai viver a protagonista de Largando o Escritório, de Cláudio Torres, baseado na peça homônima de Domingos de Oliveira. ?Também estou louca para voltar ao teatro. Estou há quatro anos distante dos palcos e já li mais de 80 textos. Agora preciso dessa paixão?, avisa.
