Imagine um professor britânico de literatura e poesia, com formação numa das faculdades da tradicional e respeitada Oxford, já nos seus 70 anos, elogiar e aclamar o rock and roll da música simples e profunda das, famosas baladas de Bob Dylan?
Christopher Ricks é o nome do erudito que ganhou a primeira página do The New York Times esta semana. Atualmente, ele é professor no prestigiado e reservado Boston College, mas viu seu prestígio crescer mais ainda, pois foi eleito professor de poesia de Oxford.. Ricks com certeza já leu, estudou, pesquisou, resenhou e escreveu livros sobre os maiores poetas da história, de Keaton a T.S.Elliot, ando por Yeats e Beckett.
Neste milênio, o professor, com cara e jeito tradicionais, modificou sua forma de ministrar aulas. Agora ele utiliza, além de livros e anotações, um micro-system para mostrar a importância da música de Dylan e por que ele acredita que o bardo ícone dos anos 60 é um dos maiores poetas de língua inglesa da história.
Quando se estuda literatura inglesa é comum professores e alunos dedicados decorarem ou saberem by heart, os versos de Shakespeare, as prosas de Joyce ou ainda os ensinamentos de Milton. Professor Ricks sabe disso e sabe desses, mas acrescenta a sua oratória e discussões as letras de Led Zeppelin e Bob Dylan.
Fica evidente que a afeição de Ricks pelo rock e o pop do século 20 não é superficial nem uma tentativa dissimulada de um mestre para se tornar cool ou “por dentro” para seus alunos ou chamar atenção da comunidade ou da mídia. Ele realmente ama o trabalho de Dylan.
Para comprovar isso, Christopher Ricks acaba de lançar Dylan’s Visions of Sin, ou numa tradução ipsis litteris, As Visões do Pecado de Dylan.
O livro ignora a vida privada de Dylan. Nenhuma menção sobre o fato de o cantor e compositor mudar do violão para aguitarra, de pular do judaísmo para o cristianismo e nem mesmo sobre algumas atitudes até certo ponto exóticas, como participar de comerciais da marca de lingeries Victoria´s Secret.
Professor Ricks descobriu Dylan quando estudava na explosiva Universidade da Califórnia em Berkeley em 1965. Segundo o próprio, naquela época apenas ouvia e irava as canções.
Nem todo mundo que convive com o professor Ricks concorda com ele. “Meu filho mais velho tem 45 anos”, disse ele, “e eu acho que ele tem uma certa pena de mim em relação a isto”. Uma expedição com alguns de seus filhos mais novos para assistir ao filme de Dylan, Masked and Anonymous, não foi uma boa experiência. John Silber, o ex-reitor da Universidade de Boston e um amigo de Ricks, costumava fazer de conta que o Dylan que cativava tanto Ricks era Dylan Thomas, e não o Robert Zimmerman (nome de batismo de Bob Dylan). E mesmo a esposa de Ricks, a fotógrafa Judith Aronson, não foi a todos os três concertos quando Dylan se apresentou na região de Boston. Mas nunca ocorreu a Ricks perder um.
O livro Dylan’s Visions of Sin da Ecco Press, obviamente só em inglês, pode esclarecer por que um erudito do idioma presta tanto tributo a versos como “how many roads must a man walk down. Before you call him a man"M627.409,331.563L512.604,306.07c-44.69-9.925-79.6-46.024-89.196-92.239L398.754,95.11l-24.652,118.721
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